Kremlin intensifica perseguição à oposição russa no exílio
O Serviço Federal de Segurança (FSB, o antigo KGB) anunciou abertura de um processo penal contra 21 membros do Comitê Antibélico da Rússia, inclusive o enxadrista Garry Kaspárov
O regime de Vladímir Putin intensificou sua perseguição à oposição russa no exílio com a imputação do crime de terrorismo contra algumas figuras bastante conhecidas.
O Serviço Federal de Segurança (FSB, o antigo KGB) anunciou nesta terça-feira, 14 de outubro, a abertura de um processo penal contra o fundador do Comitê Antibélico da Rússia, Mijaíl Jodorkovski, o enxadrista Garry Kaspárov e mais 21 membros do Comitê. Entre eles estão os dissidentes Ilia Yashin e Vladímir Kara-Murza, prisioneiros políticos até sua troca por espiões russos no ano passado, e a cientista política Ekaterina Shulman.
Os serviços secretos de Putin abriram dois processos penais contra os dissidentes. Um por tentativa de tomada violenta do poder, utilizando o artigo 278 do Código Penal russo, e outro por organizar e participar em uma organização terrorista (artigo 205.4).
O FSB informou em comunicado que o documento fundacional do Comitê Antibélico da Rússia estabelece “a necessidade de eliminar o atual Governo russo”. Além disso, Moscou os acusa — sem apresentar nenhuma prova — de “financiar e realizar atividades de recrutamento de unidades paramilitares nacionalistas ucranianas”.
A plataforma, fundada no início da invasão da Ucrânia em 2022, explica em seu site — acessível apenas aos russos através de uma VPN devido ao bloqueio pelas autoridades — que seu objetivo é a paz:
“Coordenamos esforços, apoiamos os russos pacifistas e criamos um espaço de solidariedade, ação e apoio mútuo para aqueles que se opõem à guerra desencadeada pelo Kremlin”, manifesta. “Esta guerra não foi iniciada pelo povo russo, mas por um ditador que perdeu o contato com a realidade”, acrescenta o Comitê Antibélico, que alerta seus compatriotas que “o silêncio ou a dissidência passiva são inaceitáveis diante de tal tragédia”.
Outros críticos do regime sobre os quais pesa a nova ameaça do FSB são o político Leonid Gozman, o galerista Marat Gelman e o editor-chefe do Nóvaya Gazeta Europa, Kirill Martynov, cujo jornal é uma dissidência no exílio do histórico periódico russo.
Também foi acusado de terrorismo o escritor Víktor Shenderóvich, uma das primeiras vozes que o putinismo tentou silenciar ao afastá-lo de seu programa de marionetes Kukly no ano 2000 por ter satirizado com um boneco o presidente russo.
Todos esses opositores já estavam sendo retaliados pelas autoridades russas sob a etiqueta de “agentes estrangeiros”.
Além de serem obrigados a declarar a origem de todos os seus rendimentos, eles são proibidos de participar na política, trabalhar na Administração ou dar conferências. Publicar seus livros leva, além disso, ao ostracismo das editoras.
Leia também: Chefe da política externa da UE, Kallas denuncia a “escalada” da Rússia
Rússia se prepara para guerra contra Otan, analisa The Institute for the Study of War (ISW)
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (1)
Ita
14.10.2025 20:21O Lula e o Amorim apoiam essa iniciativa da FSB.