“Não vamos pressionar Maduro para que renuncie”, diz Amorim
Assessor de Lula afirma que eventual intervenção dos Estados Unidos poderia ser um “novo Vietnã"
Celso Amorim (foto), assessor especial do presidente Lula para assuntos internacionais, afirmou ao jornal britânico The Guardian que o Brasil não pretende pressionar o ditador Nicolás Maduro a deixar o poder na Venezuela, apesar da pressão exercida pelos Estados Unidos.
“Se Maduro chegar à conclusão de que deixar o poder é o melhor para ele e para a Venezuela, será uma conclusão dele… O Brasil jamais imporá isso; jamais dirá que isso é uma exigência… Não vamos pressionar Maduro para que renuncie ou abdique”, disse.
Segundo Amorim, uma eventual intervenção americana poderia desencadear um conflito de grandes proporções.
“A última coisa que queremos é que a América do Sul se torne uma zona de guerra – e uma zona de guerra que inevitavelmente não seria apenas uma guerra entre os EUA e a Venezuela. Acabaria por ter envolvimento global e isso seria realmente lamentável”, afirmou.
“Se houvesse uma invasão, uma invasão de verdade… acho que sem dúvida veríamos algo semelhante ao Vietnã – em que escala é impossível dizer”, acrescentou.
O assessor, contudo, afirmou que a relação entre os dois países já foi mais próxima.
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Asilo no Brasil?
Na entrevista, Amorim não descartou que o Brasil possa ser um possível destino para onde Maduro poderia fugir, mas afirmou que preferia não especular “para não parecer estar incentivando” a ideia.
“No entanto, o asilo é uma instituição latino-americana [para] pessoas tanto de direita quanto de esquerda”, disse.
Se decidir fugir, os possíveis destinos de Maduro incluem Turquia, Catar e Rússia.
A Rússia de Vladimir Putin está envolvida na guerra da Ucrânia, mas tem se revelado como um porto seguro para ditadores sanguinários que exploraram a população, como o sírio Bashar Assad.
A Turquia de Recep Tayyip Erdogan mantém uma relação próxima com Maduro e também com os Estados Unidos. Poderia, assim, oferecer uma aposentadoria ao ditador venezuelano em troca de algum agrado, como a possibilidade de comprar caças F35.
Lula soltou a mão
No Brasil, o presidente Lula tem evitado mencionar Maduro, que foi recebido em Brasília em maio de 2023.
Em 2 de dezembro, o petista conversou por telefone com Trump sobre cooperação e combate ao crime organizado.
A nota oficial publicado pelo Palácio do Planalto não citava a Venezuela, nem Maduro.
O Brasil não tem relevância nem moral para se meter nas negociações, nem poderia oferecer um refúgio para Maduro.
A pressão americana transformou Maduro em uma figura altamente radioativa politicamente.
“O desgaste de uma vinda de Maduro seria enorme, pois o governo brasileiro ficaria isolado e associado à defesa de um ditador. Isso ainda poderia gerar um custo político pesado nas urnas, com a oposição explorando a narrativa de que Lula apoia regimes autoritários“, diz o economista Igor Lucena.
A oposição brasileira percebe o desgaste e já utiliza o assunto em seus discursos, como no caso o governador de Goiás, Ronaldo Caiado: “Se você quer ter opção do ‘Lula-Maduro’, fique com eles. (…) Nós queremos seriedade. Queremos a lei. Esse é o divisor de águas, o divisor de águas é moral. Moral, tá certo?“, disse o político goiano após a megaoperação no Rio.
Com menos de um ano para as eleições, acolher Maduro seria um tiro no pé para o governo Lula.
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Comentários (2)
Marian
09.12.2025 09:40Isso porque não é uma ditadura, é um mero governo autoritário não é? Kkk
Claudemir Silvestre
08.12.2025 19:52Impressionante como estes Petistas doentes passam pano neste DITADOR e Assassino e daí vem falar em democracia aqui no Brasil !!! ESCÓRIA da ESQUERDA !!!